Sunday, January 8, 2012

DESPEDIDA



explode a tarde, corpos e sombras tombam
maduros para o amor, mas apenas a treva voa,
o despertar nos reparte nas duas metades
de antes do quarto dormir, marejadas da viagem

a luz virá pousar aqui no meu olhar,
e só de roçá-lo com a mirada confusa
das coisas indistintas na penumbra,
o teu corpo me beija sem despertar

desejos inúteis desfilarão
ante a nossa inocência reconquistada,
mas nós só sobraremos nos corpos nus
onde morreremos sem nome

como morrem os homens...
e tanto fogo comburido na cama escura
nos devolveu essa tibiex difusa
da manhã escondida num canto da rua

tendo sido feitos para o não-ser,
como o voo que desfere uma flecha,
nossa canto ruma ao olvido
que ousará dar ouvidos àquilo que em nós calamos

leves de cansaço, deslizaremos como sombras sobre andares,
e como fantasmas atravessaremos muros:
a morte virá mas só nos colherá maduros,
a morte esperará para resgatar-nos humanos

mas estamos sempre de retorno,
como as estações e a aurora
e estamos sempre partindo
e, nos despedindo, vamos embora

No comments:

Post a Comment