depois de nossos corpos terem derretido,
escuros como morcegos, num quarto trancado,
cegos de desejo, seremos menos que a fôrma
do amor que um dia fomos, menos que a casca
em que o amor, ao eclodir, nos transformou
quando formos apenas a sombra
do amor que um dia fomos,
existiremos somente fora de nós,
à maneira oca dos nossos nomes
saltando em outras bocas
seremos sequer a semente
do que o amor nos deixou ser,
menores que a suma de tantos sumiços nossos,
seremos tudo somado somente
aquilo que o amor deixou de ser
a roupa sem o corpo, as metades sem o todo,
sós, seremos só o que se dissipa,
o que resta mas não fica,
seremos um, seremos dois,
ou já não seremos mais nem isso:
seremos a sobra do infinito
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